Estes são os sinais de que a sua demissão está próxima
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Demissão: é importante diferenciar ameaças reais de mera paranoia, diz especialista
Por Claudia Gasparini, de EXAME.com
São Paulo — A crise econômica tem
consequências muito concretas: não faltam números e estatísticas sobre
negócios que fecharam as portas ou pessoas que perderam seus empregos como resultado das turbulências vividas pelo país.
Já outros efeitos da recessão, ligados a fatores emocionais, são menos palpáveis. "A frequência das demissões cria
‘fantasmas’", diz Ricardo Ribas, gerente da consultoria Page Personnel.
"Existe um clima de pânico, muitas vezes infundado, de que qualquer um
pode ser desligado a qualquer momento”.
Segundo
uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o medo do
desemprego nunca foi tão alto no Brasil. Em junho de 2016, o indicador
alcançou o maior nível desde 1999, quando começou a ser medido pela
instituição.
Não
demora para que o receio de ser o próximo da lista se transforme em
paranoia: até um “bom dia” ignorado pelo chefe, por pura distração, pode
incutir no funcionário a falsa certeza de que o pior se aproxima.
Segundo
Ribas, é preciso resistir à mania de perseguição, inclusive para salvar
o seu emprego. “Um funcionário preocupado demais com a possibilidade de
demissão fica desmotivado e improdutivo, o que ironicamente pode
acarretar o seu desligamento", diz.
Para
evitar que o medo alimente a ameaça, é importante distinguir situações
imaginárias de evidências concretas — tudo com a óbvia ressalva de que é
impossível prever o futuro, afirma Isis Borge, gerente da consultoria
Robert Half.
Para
começar, diz ela, faça uma avaliação do seu ambiente. Como vai a saúde
financeira da empresa onde você trabalha? Qual tem sido a frequência das
demissões? Elas são pontuais ou atingem departamentos inteiros? Os
cortes são motivados pelo baixo desempenho desses funcionários ou servem
para enxugar os custos fixos do negócio? As respostas podem indicar se
os desligamentos são pontuais ou se refletem uma onda que pode chegar
até você.
“O
sinal é mais grave se os cortes se sucedem, mas os resultados da
companhia não melhoram”, diz Ribas. Se há mudanças estruturais à vista,
como aquisições ou fusões, também é importante ficar alerta, já que
muitas vezes elas acarretam dispensas de pessoal.
Dito
isso, nem sempre a demissão é resultado de fatores externos: em muitos
casos, o problema está no seu desempenho. “A cobrança por resultados é
muito maior na crise”, afirma Borge. “Se você não tem conseguido atingir
suas metas ou cometeu um erro muito grave, é bom ficar esperto”.
Prestar
atenção à frequência das avaliações negativas também é essencial. Não é
preciso se desequilibrar com qualquer crítica, mas é razoável se
preocupar com feedbacks a respeito do seu trabalho que não melhoram com o
tempo. Afinal, a paciência das empresas com funcionários de baixa
performance anda cada vez menor, diz Ribas.
Outros
pontos de atenção são o tamanho da equipe e o seu posicionamento em
relação aos seus colegas. “Verifique se existe ociosidade, isto é, se o
escritório está muito cheio e falta serviço”, diz a gerente da Robert
Half. “Também é importante avaliar os seus diferenciais em relação aos
outros, isto é, se você tem competências únicas, que tornam você alguém
imprescindível”.
Como ter certeza?
A maior parte das empresas dá pistas bastante claras para o funcionário prestes a ser demitido. No entanto, diz Borge, as evidências são um pouco mais sutis em alguns casos.
A maior parte das empresas dá pistas bastante claras para o funcionário prestes a ser demitido. No entanto, diz Borge, as evidências são um pouco mais sutis em alguns casos.
Você
deixou de ser chamado para reuniões das quais sempre participou? Não
está sendo atualizado sobre novos projetos? As pessoas estão “pulando”
você e indo falar diretamente com os seus subordinados? De forma geral, o
escopo das suas atividades está diminuindo?
Caso
a resposta seja positiva, vale ficar atento. Afinal, em meio à crise
econômica, as pessoas costumam receber mais tarefas, e não menos: se
você está sendo “poupado” de trabalho enquanto todos os outros estão
sendo mais exigidos, talvez exista algo de errado.
É
claro que há muita subjetividade em todas essas percepções — e, por
isso, a melhor forma de diferenciar paranoia de realidade é buscar uma
conversa franca com o seu chefe sobre o futuro do seu emprego.
“Se
você construiu uma relação de amizade e confiança com o seu gestor,
seja sincero e pergunte diretamente para ele se há chances de você ser
demitido”, diz Borge. Na melhor das hipóteses, você será tranquilizado
de que está tudo bem; na pior, ganhará tempo para planejar seus próximos
passos.
Confirmada ou não, a ameaça da demissão pode ser um estímulo valioso para refletir sobre a própria carreira, segundo Ribas.
“A
necessidade de se tornar relevante para evitar um desligamento faz
muita gente investir em qualificação, assumir novas responsabilidades e
galgar posições na empresa”, diz ele. “Também é momento privilegiado
para reavaliar suas escolhas, considerar novos empregadores e até outras áreas de atuação”.
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